Jogos em 2020 poderia incentivar a confiança do consumidor, complementando-se com o plano de Shinzo Abe para reviver a terceira maior economia do mundo
A vitória de Tóquio nas eleições para sediar os Jogos Olímpicos de 2020 impulsionou as ações e poderia incentivar a confiança do consumidor, complementando-se com o plano do primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe para reviver a terceira maior economia do mundo.
Com a economia já se recuperando graças ao impacto das chamadas três “flechas” de Abe – flexibilização monetária, estímulo fiscal e reformas –, a conquista dos Jogos potencia o otimismo de que o Japão conseguirá domar a deflação e alimentar a demanda doméstica. O PIB do país cresceu mais do que o estimado anteriormente no segundo trimestre, expandindo-se a uma taxa anualizada de 3,8 por cento, acima da estimativa inicial de 2,6 por cento, segundo dados publicados hoje.
“A vitória na eleição dos Jogos está melhorando o humor dos investidores”, disse Toshiyuki Kanayama, analista sênior de mercado na Monex Inc, sediada em Tóquio. “Há expectativas de que ela apoie a recuperação econômica do Japão, sendo a quarta flecha do programa de Abe”.
A capital do Japão, que sediou os Jogos de 1964, superou Madri e Istambul para tornar-se a sede da edição de 2020, segundo decidiu o Comitê Olímpico Internacional em Buenos Aires. O evento terá um impacto econômico de cerca de 2,96 trilhões de ienes (US$ 30 bilhões) e criará 150.000 empregos no Japão, segundo estimativas da delegação olímpica de Tóquio feitas no ano passado.
Superando a deflação
“Temos uma grande oportunidade para fazer Tóquio e o Japão brilharem”, disse Abe ontem. “Eu quero superar 15 anos de deflação. Sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos terá efeitos positivos em várias áreas, como a infraestrutura e o turismo”.
A estimativa oficial do governo de que os Jogos gerem um adicional de 0,3 por cento no PIB, com base no valor agregado, é muito modesta, segundo Robert Feldman, diretor de pesquisa econômica para o Japão na Morgan Stanley MUFG Securities Co.
“Tóquio apresentou uma proposta técnica muito forte desde o começo”, declarou ontem num comunicado o presidente do COI, Jacques Rogge, cujo mandado de 12 anos finaliza amanhã. “As três cidades podiam sediar excelentes Jogos em 2020, mas no final foi a proposta de Tóquio a que mais convenceu os membros do COI”.
É possível que a recuperação do mercado não dure, diz Hiroshi Fujimoto, gerente de fundos na Shinkin Asset Management Co., sediado em Tóquio, que supervisa 638.9 bilhões de ienes (US$ 6,4 bilhões) em ativos.
Alta efêmera
“A alta do mercado será efêmera e as ações de melhor rendimento serão vendidas para obter lucros”, disse Fujimoto em entrevista por telefone em 3 de setembro. “Falta muito ainda para os Jogos”.
A campanha de Abe para pôr fim à deflação no Japão com flexibilização monetária e estímulos fiscais tem beneficiado principalmente os investidores e os grandes produtores pela desvalorização do iene frente do dólar, que potenciou os lucros das corporações no exterior e incrementou o rali do mercado acionário.
O plano ainda tem que produzir uma alta nos salários, necessária para potenciar os gastos dos consumidores, essenciais para sustentar a recuperação. Um boom na construção causado pelos Jogos poderia mudar isso.
Tóquio está planejando seu maior projeto imobiliário em 42 anos para hospedar os atletas, projeto que poderia beneficiar desenvolvedores como a Shimizu Corp. e a Mitsubishi Estate Co.
Com valor de 95,4 bilhões de ienes, o complexo da Vila Olímpica ocuparia um lote de 44 hectares próximo à Baía de Tóquio e seria financiado pelos desenvolvedores, segundo afirmou Kenichi Kimura, responsável pela área financeira da proposta da cidade no governo metropolitano de Tóquio, em entrevista em julho. Além disso, o governo planeja investir 153,8 bilhões de ienes para construções e reformas em 11 lugares, disse Kimura.
Fonte: Exame com Bloomberg
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