sexta-feira, 10 de julho de 2009

Índia


Como chegar
O caminho mais curto para ir do Brasil à Índia é pela África do Sul. São, ao todo, 16 horas em voo de São Paulo até Bombaim, sem contar o tempo de escala em Johannesburgo. A viagem chega a durar 4 horas a menos do que se fosse feita pela Europa, mas o preço necessariamente não será menor. Dependendo da tarifa, pode custar a mesma coisa ir via África do Sul ou via Londres ou Paris.
Transporte
A forma mais fácil de viajar é com um pacote turístico que inclua qualquer traslado. Se você estiver por conta própria, saiba que há voos conectando as principais cidades do país. O problema são os aeroportos - quase sempre tomados pela burocracia e pelos atrasos. Viajar de carro leva muito tempo. Recomenda-se apenas para trajetos curtos. Há também os trens, em geral pouco confortáveis e higiênicos. Trens turísticos, como o Palace on Wheels, são uma opção menos arriscada. Nas zonas urbanas, utilize os phat-phat, os riquixás motorizados.
Clima
A estação das monções começa nos primeiros dias de junho e permanece até fim de setembro. Durante esses meses, chove violentamente na Índia, o que pode fazer da viagem uma experiência nada agradável. A melhor época é de outubro a abril. Outubro é o mês perfeito: as chuvas pararam, o clima está mais fresco e ocorrem dezenas de festivais religiosos. Março também é ótimo.

Dez lugares para descobrir a Índia :
















AGRA
A estrela é mesmo o Taj Mahal, mas, já que você veio até aqui, não deixe de visitar o Forte de Agra (que parece levitar no meio da névoa matinal) e o palácio abandonado de Fatehpur Sikri, a 35 quilômetros da cidade. Os três são Patrimônio da Humanidade.
NOVA DÉLHI
A parte nova, construída pelos ingleses na década de 1930, é limpa, organizada e grandiloquente, como convém à capital de uma grande nação. Nem parece Índia. O espírito dos velhos marajás está mesmo é em Old Delhi.
JAPUR
Para receber o príncipe Albert Edward, em 1901, a capital do Rajastão foi toda pintada de rosa - cor ligada à hospitalidade. Há um belo palácio e um enorme observatório astronômico erguido pelo marajá. O Forte Amber, nos arredores, também é visita obrigatória.
UDAIPUR
Uma das cidades mais bonitas da Índia, debruçada sobre dois lagos, cercada de montanhas e repleta de palácios. O city Palace é o maior do Rajastão, mas há também palácios-ilhas nos lagos, mandados construir pelo romântico marajá local.
VARANASI
A cidade mais sagrada da índia recebe 1 milhão de peregrinos anualmente. Nas escadarias à beira do Rio Ganges, os hindus realizam todo tipo de ritual há pelo menos 3000 anos. A melhor visão é a de dentro do barco, ao amanhecer. Hinduísmo com força total.
JODHPUR
Aos pés do Forte Mehrangarh, o mais suntuoso do Rajastão, espalha-se uma cidade inteira de casas azuis. No meio delas, numerosas ruas estreitas escondem bazares que exigem uma demorada exploração.
KHAJURAHO
As esculturas que recobrem esses 25 templos do século 10 são, antes de tudo, uma Insuperável obra de arte. Sim, algumas delas mostram ousadas posições sexuais - lembrança de um tempo em que os indianos eram um pouco mais despudorados.
KERALA
Cada vez mais turistas estão descobrindo essa Índia tropical, cheia de coqueiros e praias. Além de paraíso, esta é a pátria das especiarias e da medicina ayurvédica. Ou seja, um dos melhores lugares do país para entregar-se ao ócio.
GOA
Não, eles não falam português aqui, mas vestígios da presença lusitana ainda estão por toda parte. Afinal, foram 400 anos de colônia. A maioria dos turistas, porém, está mais interessada nas belas praias: são mais de 100 quilômetros de puro agito.
BOMBAIM
Vibrante e cosmopolita, essa metrópole de 18 milhões de habitantes concentra todas as contradições da Índia, com direito à indelével atmosfera britânica. É a capital comercial do país e lar da maior indústria cinematográfica do planeta.

Compras
Para quem gosta de artigos orientais, a Índia é o céu. Os guias turísticos sabem disso e vão querer levá-lo às lojas mais turísticas. Cuidado: os preços são mais altos do que nos bazares, e não há pechincha. Se você tiver tempo, vale a pena pesquisar.
Os bazares são lugares fantásticos para se visitar. Difícil é resistir, tamanha a variedade e exuberância dos artigos: são tapetes, tecidos, jóias, pinturas, cosméticos, especiarias, artefatos de bronze, mármore e cerâmica enfim, o que você quiser. Sem contar os preços, que, além de sedutores, podem ficar ainda mais baixos se você for um ás na barganha.
O Rajastão é uma região particularmente tentadora. Um bom lugar para concentrar as compras é a capital, Jaipur. Especialmente na Amber Road, perto do palácio, onde está a maioria das lojas e fábricas. Se você procura jóias, vá ao Johari Bazaar. Em Jodhpur, procure pelo Sardar Bazaar. Em Udaipur, pelos bazares Bapu e Bara.

Prepare-se para degustar uma das comidas mais apimentadas do mundo
Vacas são mesmo sagradas. Se você é um entusiasta da picanha, esqueça. Só res­taurantes e hotéis de luxo servem carne bovina. Ou, então, no Estado de Kerala, extre­mo sul da Índia, onde há um grande contingente de cristãos. Como 80% da população indiana é hindu, não conte com a sorte. As únicas carnes garantidas no cardápio serão frango, cabra e carneiro. E peixe e frutos do mar, nas áreas costeiras. Porco, nem pensar: nem muçulmanos nem hindus de castas superiores o comem. E se você vê esperança no McDonald's, saiba que o Big Mac aqui atende pelo nome de Chicken Maharaja Mac.
Mas não se desespere. Antes de entrar em síndrome de abstinência, você vai desco­brir que viver sem carne bovina (ao menos por um tempo) não é tão terrível quanto parece. As receitas, os temperos e os sabores da culinária indiana são tão diversos que farão você se esquecer (ao menos por um tempo) do amado filé mignon.
Já os vegetarianos conhecerão o paraíso. Por questões religiosas, certos grupos na Índia baniram a carne de sua dieta; é o caso dos sikhs e dos jainistas - crenças deriva­das do hinduísmo - e também dos brâmanes. Por causa deles, todos os cardápios es­tão divididos em veg e non-veg. E o veg concentra toda uma antiqüíssima tradição gastro­nômica que surpreenderá até os mais experientes adeptos dos legumes e das verduras.
Cabe aqui uma explicação: a vaca é a montaria de Shiva - um dos deuses da Santís­sima Trindade hindu, ao lado de Brahma e Vishnu. Portanto, animal dos mais sagrados no hinduísmo. Para uma enorme quantidade de indianos, ainda tem utilidade prática: além de fornecer leite, suas fezes são usadas para acender a fogueira e rebocar as ca­sas, como medida para espantar insetos (por mais incrível que isso possa parecer). ''A vaca é como a mãe para nós", resume o guia turístico Jitendra.
O problema é que a "mãe", uma vez que deixa de dar leite, é sumariamente abando­nada à própria sorte. Torna-se, digamos, uma vaca vira-lata. Há um costume muito ar­raigado na Índia, que é o de largar na rua tudo o que se toma imprestável. Quem já foi, sabe que o excesso de sujeira costuma chocar visitantes de sensibilidade mais aflora­da. Bem, o lixo inclui as vacas. E elas adoram ficar no meio do trânsito, pois a fumaça dos carros, dizem estudiosos, é ótima para espantar as moscas.
Indianos gostam de pimenta mais do que você imagina. Quando for encarar um prato da culinária local, não se esqueça de perguntar o quanto de pimenta ele leva - a menos que você seja do tipo aventureiro ou da espécie que não se incomoda em sentir as papilas gustativas ardendo em chamas. A maioria dos restaurantes turísticos, num ato de piedade, optou por aliviar a dose de condimentos em alguns pratos, pou­pando os visitantes de surpresas. Ainda assim, não espere uma comida "ligeira". É melhor preparar o estômago: a Índia não dá trégua nem mesmo dentro de você.
Como se sabe, esta é a pátria das especiarias. Por mais que você freqüente restauran­tes indianos em sua cidade, não há nada que se compare à abundância de temperos que encontrará na Índia.

A discriminação por castas perpetua na Índia até os dias atuais
As leis do destino fazem parte da vida dos indianos há milênios, ao menos desde que o sistema de castas foi inventado para dividir a sociedade em quatro grupos: os brâma­nes (que representam os sacerdotes), os xátrias (a casta dos guerreiros), os vaixás (os co­merciantes) e os sudras (os intocáveis, relegados aos trabalhos mais baixos). A consti­tuição indiana hoje proíbe a discriminação por castas, mas as diferenças ainda são vi­síveis, especialmente no interior do país, onde vivem cerca de 80% da população. Em certos casos, essas diferenças são até exaltadas. Basta abrir o Sunday Times, um dos jornais mais lidos no país: são oito páginas diárias de anúncios matrimoniais, divididos por casta e religião. Quem os publica em geral são os pais, e não os noivos. Aliás, os pombinhos nem participam das negociações; seus pais é que se ocupam de encontrar alguém que combine em matéria de casta, religião, lín­gua, classe econômica, horóscopo e até hábitos alimentares. No primeiro encontro, é claro, a família toda vai junto. Soa-lhe terrível? Pois saiba que o índice de divórcios na Índia é um dos mais baixos do planeta. Tirando o Rio de Janeiro durante o Carnaval, dificilmente você encontrará um lugar com tantas cores diferentes por metro quadrado. Ainda mais se pintar um grupo de mulheres indianas. Elas realmente parecem aproveitar todo o espectro de cores dispo­nível, sem o mínimo pudor de sair às ruas vestidas de amarelo-canário ou de rosa-choque. Sua câmera vai adorar. Mas cuidado: muitas delas sabem muito bem o quanto são fotogênicas, e não tenha dúvida de que cobrarão algum trocado por isso. As moças da região do Rajastão são particularmente coloridas, talvez para compen­sar a secúra da paisagem mais agreste da Índia. Curioso é que os palácios construídos pelos marajás do Rajastão também são os mais suntuosos do país, o que faz deste um estado especialmente encantador. E, em certa medida, a quintessência de uma Índia romântica que há muito tempo povoa nossos sonhos.

Curiosidade sobre a Índia
Se você está pensando em ir à terra dos Marajás, é bom saber: depois disso, nunca mais verá o mundo da mesma forma.
O primero ministro britânico
Winston Churchilldestinos, entre um uísque e outro, gostava de dizer que a Índia era uma "expressão geográfica" - e não um país. Bem, ele estava certo: a noção de país é pequena demais para explicar o inexplicável. Se você está pensando em fazer uma visita ao olho do furacão, prepare-se. A Índia começará atacando seus sen­tidos: sem pedir licença. Sensações inéditas e inexplicáveis invadirão olhos, ouvidos, na­riz e boca.
Depois, a cabeça: a Índia vai mexer com todos os seus conceitos sobre velho e novo, rico e pobre, ordem e caos. Você se verá totalmente perdido, confuso, desconcer­tado. Tem gente que vem para a Índia e nunca mais volta, e é fácil entender por que. É bem provável que você retorne ao Brasil, mas tenha a certeza de que nunca mais verá o mundo da mesma forma. Não há vacina contra a Índia, mas saber de certas coisas pode ajudar a suavizar os ataques. Ou não. Na dúvida, vamos aos fatos.
A Índia é um caos. Se você procura paz, a única que encontrará é a paz inte­rior. No caso, o interior de si mesmo ou o dos hotéis. O lado de fora é o que o econo­mista
John Kenneth Galbraith, embaixador americano nos anos 1960, chamou de "anarquia funcional". Ou seja, um lugar absurdamente cheio de gente e de vacas, rui­doso, desordenado e cujo trânsito não parece atender a nenhuma lógica conhecida. Mas que, milagrosamente, funciona. A ordem que rege tudo isso é um mistério que só os indianos ou os estudiosos da Teoria do Caos podem entender.
Afinal, como se organiza uma nação de 1,1 bilhão de habitantes (agregou o equiva­lente à metade da população brasileira só na última década) e que fala dezesseis idio­mas oficiais? A China teve a mão de Mao e a do Partido Comunista. Mas a Índia, que fe­lizmente não sofreu a praga dos governos totalitários, precisou encontrar os próprios mecanismos para chegar ao século 21. O que não é pouco, se lembrarmos que a civili­zação indiana existe há mais de 4000 anos.
Um desses mecanismos são as filas, evidente legado de dois séculos de domínio in­glês, ao lado do chá, da língua e do críquete (paixão nacional de lotar estádios). Há filas - indianas, é claro - para tomar ônibus, para sacar dinheiro, para entrar nos aeropor­tos, para visitar palácios. Enormes, todas. E você certamente não escapará delas, nem dos incansáveis vendedores de bugigangas que se aproveitam da situação. As do céle­bre mausoléu Taj Mahal, em Agra, são assustadoras. Se puder, evite ir à tarde, a não ser que você tenha uma funesta atração por filas quilométricas.
Você se apaixonará pela Índia? O.k. tem gente que vem até aqui e volta sem levar saudade. Mas são poucos. É que a Índia não tem aquela beleza clichê, arrumadi­nha, publicitária, como a Suíça ou o Caribe. Ela vai exigir de você uma nova maneira de ver as coisas, de enxergar a beleza no meio da bagunça. Sim, a Índia é um caos, mas um caos deliciosamente exuberante. Quem seria capaz de resistir à visão do Taj Mahal?


Conheça a Índia com a Shigoto.com.br Agência de Viagens e Turismo
http://www.shigoto.com.br/

Nenhum comentário: