Aquele tubo transparente que parece abraçar as duas chaminés do Disney Dream chama a atenção de qualquer pessoa que o vê de fora. E ofusca completamente o toboágua do navio aportado ao seu lado. “O que será aquilo?”, perguntam-se os desavisados. Trata-se do AquaDuck, considerado a primeira montanha-russa aquática de um navio. Pode parecer um pouco de exagero chamar o brinquedo de “montanha-russa”, afinal, ele não chega a ser tão radical assim. Mas não há dúvidas de que o AquaDuck é um divertimento revolucionário. Os visitantes cumprem o trajeto em uma boia para duas pessoas que pode ser comparada a um pequeno bote inflável. As pequenas quedas do início do itinerário dão um frio gostoso na barriga sem apavorar. Refeito o susto, dá tempo de apreciar a área das piscinas (incluindo uma com a cara do Mickey) e o telão existente em uma de suas pontas. De repente, acabou. Dá vontade de ir de novo. Duro é encarar a fila. Uma dica para tentar driblá-la é aproveitar para testar o toboágua quando o navio estiver parado em um porto.
O AquaDuck é a grande sensação do Disney Dream, terceiro navio da frota da Disney Cruise Line. Mas não a única. Cruzar com a Margarida ou o Pato Donald caminhando pelo convés provoca nos pequenos (e também nos grandes) a certeza de que você está no mundo mágico Disney. Caso não tenha a sorte de encontrar nenhum personagem por acaso, é só olhar na programação (entregue diariamente nas cabines) os horários em que os amiguinhos preferidos estarão disponíveis no átrio. Se der para pegar uns dois ou três ao mesmo tempo, melhor ainda. Costumam bater ponto por ali Aurora (também conhecida como Bela Adormecida), Branca de Neve, Bela, Cinderela, Ariel, Tiana (de “A Princesa e o Sapo”), Pluto, Peter Pan, Sininho, Stitch e, claro, Mickey e Minnie. É inevitável pegar uma pequena fila para tirar uma foto ao lado de cada personagem, mas em geral a espera é menor do que nos parques. E as figuras não se limitam a simplesmente pousar para a foto. Antes de serem clicados, interagem por alguns minutos com os passageiros. Pato Donald abraça com alegria seus fãs. Tiana permite que as menininhas se sentem na barra do seu vestido. Branca de Neve bate um pequeno papo com suas interlocutoras como se estivesse distribuindo conselhos. Pluto rola no chão, brinca de esconde-esconde com as patas e fica de quatro com a língua para fora, como qualquer cão cansado.
Tudo isso em geral acontece no átrio de entrada do navio, um espaço art-noveau com elevador panorâmico, uma escadaria e um lustre de quatro metros de altura, sete de diâmetro e 80 mil cristaizinhos. O local causa logo de cara uma boa impressão, pois é o primeiro ambiente que o passageiro conhece ao embarcar. A gerente de desenvolvimento responsável pelo local é a brasileira Lysa Migliorati, que também assinou outras áreas do transatlântico. “O lustre foi um dos nossos grandes desafios, inclusive porque ele precisa descer para ser limpo”, diz Lysa, informando que foram contratados uns dez escritórios de arquitetura para a concepção do navio. Brasileiros, aliás, são figurinhas fáceis entre os tripulantes. São 35, entre os 1 458, mas parece muito mais, pois muitos lidam diretamente com o público. Eles estão nas boutiques, nos restaurantes, nos clubinhos infantis, nas máquinas fotográficas, no balcão de relações com passageiro...
Quem se sentir um pouco perdido com o idioma inglês pode tirar dúvidas com qualquer um desses compatriotas. Mas, pensando bem, não é preciso entender tudo o que se fala para curtir muito a viagem, mesmo durante os espetáculos noturnos, encenados no grande teatro Walt Disney. Principalmente quando estiver em cartaz o espetáculo “The Golden Mickeys”, todo tomado por números com canções de filmes tão familiares para o público. Até mesmo personagens menos lembrados nos parques de Orlando ganham destaque no palco. O Corcunda de Notre-Dame canta por entre as colunas da igreja e à frente de projeções da película que lhe dá o nome. Cruela, a vilã de “101 Dálmatas”, exibe sua antipatia em traje vermelho. Tarzan se encarapita nos cipós do alto do palco. O garçom que canta para a Dama e o Vagabundo na cena do macarrão solta o vozeirão. E ainda têm números próprios Woody e Jessie, de “Toy Story 2”; Ursula e Ariel, de “A Pequena Sereia”; a Bela e a Fera, entre outros. Outro espetáculo apresentado a bordo é o “Disney´s Believe”. Quem entende inglês se diverte com as piadas do Gênio Azul de “Alladin” e se comove com a história do cientista que não acredita em magia e quer fazer uma surpresa para a filha no dia do seu aniversário. Os espectadores que não dominam o idioma se encantam com o colorido do cenário e alguns números musicais. E uma das noites ainda é iluminada com uma queima de fogos de artifício no deque da piscina, que ganha um charme extra por trás dos tubos do AquaDuck. Ela é apenas uma das surpresas da grande festa de Piratas, que conta com a presença de Jack Sparrow.
E não precisa esperar as sessões com hora marcada para se divertir a bordo. Não faltam atividades nos clubinhos especiais, destinados a cada faixa etária: It´s a Small Nursery para o bebês de três meses a três anos; Oceaneer Club (cujo blackboster é o quarto do Andy, com os brinquedos de Toy Story), ambos frequentados por crianças de 4 a 10 anos; o Edge, com videogames especiais para quem possui de 11 a 13 anos; e o Vibe, que é a praia dos adolescentes e tem uma discoteca que funciona até a uma da manhã. Também os adultos contam com áreas exclusivas. Além de alguns bares e da discoteca, também há um espaço no qual é proibida a entrada de menores de 18 anos no deque da piscina. Compõem esse cenário espreguiçadeiras, a piscina Quiet Cove e os bares Waves e Currents. Providencialmente, a área é vizinha ao spa.
Essa história de destinar uma área apenas para adultos não acontece apenas no navio, mas também na Castaway Cay, a ilha particular da Disney que faz parte do roteiro (nos cruzeiros de cinco noites, com duas paradas, uma no início da viagem e outra no final). Ali existem praias para famílias e aquela destinada apenas para os maiores de 18 anos, a Serenity Bay. Assim como a área adulta do navio, ela não tem nada de apelativo ou indecente, apenas se trata de um lugar sem correrias nem vozes infantis. Tem um bar exclusivo chamado Castaway Air Bar, com drinques coloridos e docinhos, como o azulado Deep Blue Sea, à base de Curaçao; e o Shin Splint, mistura de rum, vodca, gin, tequila e Coca. Como acontece a bordo, as bebidas alcoólicas não estão inclusas no preço da viagem, mas a comida é livre. Na ilha, ainda são pagos à parte o aluguel de equipamentos como bicicleta, jet ski e snorkeling. A variedade de peixinhos coloridos observados durante o esporte não é lá muito grande e um dos desafios dos visitantes é encontrar no fundo do mar uma estátua do Mickey e outra da Minnie em forma de coral. Lojinhas, espreguiçadeiras sobre a areia branca e atividades gratuitas como vôlei de praia, aula de ioga e caminhadas também agradam aos visitantes. O toboágua Pelican Plunge, bem no meio do mar azul-turquesa, pode parecer mais radical que o AquaDuck aos desavisados, principalmente na opção totalmente escura, pois não dá tempo de se preparar para a rápida queda na água. E até na ilha há personagens Disney de prontidão para foto, logo no desembarque, como se desse as boas vindas aos passageiros. Quem quiser total conforto em terra ainda pode alugar uma cabana para até seis pessoas por diárias de pelo menos US$ 499 na área familiar e US$ 399 naquela destinada apenas aos adultos, com direito a benefícios como aluguel de snorkel, frigobar abastecido com água e refrigerante, espreguiçadeiras almofadadas, cofre, toalhas, brinquedos de praia e rede.
Depois de um dia todo na ilha, é compensador jantar em um dos cinco restaurantes disponíveis a bordo. Dois deles são gourmands, exigem reserva paga e não aceitam crianças: o Palo, com tempero do norte da Itália; e o Remy, inspirado na culinária francesa. Os outros três funcionam em sistema de rodízio, isto é, cada noite o passageiro janta em um restaurante diferente. Como os cruzeiros em geral têm pelos três noites, todo mundo pode conhecer as três opções inclusas no pacote: o Royal Palace, inspirado num castelo de princesas; o Enchanted Garden, que parece mesmo um jardim encantado; e o Animator´s Palate, com personagens da turma do Nemo interagindo com os comensais. Mas não se trata de humanos vestindo fantasia. São imagens digitais dos animais, que se movem no mar dos monitores de vídeo espalhados pelos salões, como se fossem quadros. A tartaruga Crush conversa com os passageiros em uma tecnologia semelhante à da atração Turtle Talk with Crush, do Epcot.
Também não é estática a decoração do bar Skyline, que homenageia Rio de Janeiro, Chicago, Paris e Nova York. Painéis com fotos de cada uma das cidades se alternam nas paredes de tempos em tempos. Gelos artificiais coloridos que acendem em contato com o líquido são outros hits do animado ambiente, que é vizinho aos bares Pink (especialista em champanhe), District Lounge (com piano), 687 (que lembra um pub) e a animada discoteca Evolution, que funciona até as duas da manhã. Pois é, a noite acaba cedo no Disney Dream para quem está acostumado a virar a madrugada nos transatlânticos que circulam pela costa nacional. E a embarcação não conta com cassino, algo quase sempre presente em qualquer navio do mundo. Mas esses detalhes não o tornam menos divertido, afinal a proposta aqui não é exatamente ficar na gandaia até altas horas.
Esticada em terra
O cruzeiro em um navio da Disney pode ser combinado com uns dias em Orlando, para curtir os parques da cidade, principalmente os quatro pertencentes ao complexo Walt Disney World: Magic Kingdom (que tem o castelo da Cinderela e atrações clássicas como o barquinho que cai na água Splash Moutain, o elefantinho voador Dumbo e os barquinhos do Piratas do Caribe), o Epcot (com uma área tomada por réplicas de monumentos de países como Itália, França e Japão, além de brinquedos futuristas, incluindo um foguete que simula uma viagem para Marte), o Hollywood Studios (todo focado no cinema e com hits como a Torre do Terror, com seu elevador que despenca), e o Animal Kingdom (que mistura zoológico e tem como um dos brinquedos mais populares a montanha-russa Expedition Everest).
Quem já foi a esses parques tem três ótimas novidades para voltar neste ano. O castelo da Cinderela recebe toda noite um espetáculo de luz incrível. Em cerca de dez minutos, ele ganha diversas colorações e adornos, incluindo cerca de 500 fotos de visitantes que estiveram no parque naquele dia. Deve ser emocionante para um turista ver a sua cara projetada na fachada do castelo da Cinderela no fim do dia. O show, chamado “The Magic, The Memories, and You!” (A magia, as memórias e você) é realizado com 16 projetores gigantes e antecede o tradicional espetáculo “Wishes”, com queima de fogos de artifício no mesmo ponto.
Outra novidade do ano é o safári Wild Africa Trek, realizado no Animal Kingdom por um custo extra que varia de US$ 129 a US$ 189 por pessoa, dependendo da época do ano. Durante o passeio de três horas, em alguns momentos realizado a pé e em outros de veículo aberto, o passageiro chega pertinho de animais como hipopótamos, crocodilos e girafas, além de degustar um prato tipicamente africano. E ainda neste ano, o simulador de Guerra nas Estrelas será reaberto no Hollywood Studios após uma boa reforma e agora proporcionará uma experiência em terceira dimensão.
A novidade mais aguardada dos parques Disney, porém, só deve ficar pronta no fim de 2012: é a ampliação da área infantil Fantasyland, do Magic Kingdom, que terá um restaurante dentro do castelo da Bela e a Fera, uma atração “no fundo do mar” protagonizada por Ariel, um trem pela mina dos sete anos e um hall especial para as princesas receberem as garotas. Quer dizer, fãs de carteirinha da Aurora, da Branca de Neve e outras beldades terão mais um ponto de encontro infalível com suas queridas.
Fonte: UOL Viagem
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